Podemos começar definindo o termo Didática de uma forma bem simples:
Didática é a ciência que estuda o processo de ensino-aprendizagem.
Segundo o Dicionário Aurélio:
Didática é a técnica de dirigir e orientar o processo de ensino-aprendizagem.
Como toda ciência tem seu objeto de estudo. A Teologia tem o seu, que é a divindade, a Sociologia que é o fato social, a Psicologia que é o estudo do comportamento humano etc.
A Didática durante um certo tempo tinha o ensino como seu objeto de estudo, mas os teóricos ao longo do tempo perceberam através da práxis, que não se poderia estudar só o processo de ensino sem levar em consideração a aprendizagem, pois só se pode dizer que há ensino se houve aprendizagem, uma coisa inexiste sem a outra e vice-versa. Passando a ser o processo ensino-aprendizagem o objeto de estudo da Didática.
Se analisarmos então o verbo ensinar etimologicamente veremos:
E + DUCO, -AS, -ARE, -AVI, -ATUM
E = Prevérbio que significa o movimento de dentro para fora
DUCO, -AS, -ARE, -AVI, -ATUM
Verbo = guiar, conduzir, Movimento de dentro para fora Vem do substantivo latino = Dux, ducis = Guia, condutor, orientador, capitão.
Ensinar seria guiar, conduzir o educando a aprendizagem ( mas esse movimento de conduzir o aluno a aprendizagem seria de dentro para fora).
O trabalho do Mestre seria pautado não na motivação do aluno mas na sua estimulação ou incentivação. Apenas se estimularia o educando de tal forma que fizesse aumentar sua motivação pelos conteúdos trabalhados tanto em sala de aula como fora da mesma mediante a pesquisa.
Mas qual a diferença entre Motivo X Incentivo?
Motivação vem do verbo latino moveo, -es, -movi, -motum, -vere, que significa por em movimento, mover.
Motivo é um substantivo latino motor, -oris ,cujo significado original é o que move e segundo o dicionário Aurélio é : que causa ou determina alguma coisa, causa, razão.
As ações do homem são causadas por duas espécies de forças, as fisiológicas(fome, sede, sexo, sono etc) e as sociais (necessidade de realização, desejo de agradar as pessoas com quem convivemos etc). E essas forças são internas, encontram-se dentro de cada um de nós. O motivo é uma força interna.
O incentivo é um substantivo latino stimulus, -i, cujo significado original é estímulo, incentivo e segundo o Aurélio é: um estímulo, aquilo que incentiva. O estímulo é o fator externo que é capaz de despertar os motivos. Podemos citar como exemplos de incentivo a censura , os elogios, as recompensas, as punições etc.
Sendo assim, precisamos perceber que ninguém motiva ninguém, por que as pessoas têm suas próprias motivações para agirem desta ou daquela forma. O que acontece é que através de fatores externos, os estímulos ou incentivos, o professor crie condições para que os motivos sejam mais intensos ou não.
Notemos que Jesus foi o mestre que melhor soube estimular seus alunos. Cristo tinha como objetivo principal em seu trabalho pedagógico fazer com que os alunos desejassem aprender o conteúdo por ele ministrado aos mesmos e não se baseava apenas na pura e simples transmissão do conteúdo em si, mas na completa apreensão do mesmo. Notamos isso no texto do evangelho de João 4.5-30.
Neste texto vemos que Jesus ao ensinar sobre o reino para a mulher samaritana, partiu do seguinte princípio, seria importante que primeiro despertasse a atenção da mulher. E como fez isso? Ele lhe faz um pedido, que de primeiro instante a surpreende não pela petição , mas pelo fato de pedir algo a ela, sendo a mulher samaritana, segundo os registros judeus não se davam com samaritanos. A seguir Cristo diz-lhe algo que a deixa sem ação, ou seja, é trazido a conversa um elemento novo, provocando a curiosidade epistemológica. E a partir daí, toda a conversa é baseada em estímulos, fazendo com que a atenção não seja de maneira nenhuma desviada do que O Senhor Jesus desejava lhe ensinar. Ele conhecia as reais necessidades dela, porém fez com que a aluna em questão tomasse consciência das mesmas.
Os mestres devem conhecer a verdadeira necessidade de conhecimento de seus alunos, para que o trabalho docente seja bem realizado. Jesus teve a atenção da mulher pois não começou sua aula fazendo uma “singela” exposição em 50″ minutos sobre o Reino de Deus, expondo seu brilhante conhecimento sobre o assunto a sua aluna, mas utilizou de uma estratégia pedagógica inteligente, no caso em questão tratava-se de uma conversa trivial, onde a estimulou buscando assim sua participação no processo de construção de seu conhecimento sobre o Reino de Deus. A cada instante da conversa percebemos que a mulher samaritana estava cada vez mais interessada em perguntar mais e mais sobre o que Jesus estava a lhe ensinar. Até porque ele fez uso do conhecimento que possuía das necessidades de conhecimento de sua turma, no caso, constituída de apenas uma aluna, a mulher samaritana, visando uma verdadeira aprendizagem.
Veronica Moraes Ferreira
FONTE: http://www.pedagobrasil.com.br/artigosanteriores/arte_ensinar.htm